Fragmentos, contos, poemas, pensamentos e desabafos.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ônibus lotado


Calor infernal, ônibus lotado, pessoas exalando mau humor
Não aguento mais o calor, não consigo mais continuar, acho que vou desmaiar
A porta abre na próxima parada
Um vento fresco entra, junto com um lampejo breve de felicidade
A porta se fecha, batendo forte e me trazendo de volta ao inferno
Então eu penso: A vida é isso

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Podre.

Você matou o que ainda restava de inocente em mim.
Agora tudo é sujo, podre e promíscuo.
Eu sou podre, suja e promíscua.   
Arrancou da minha alma inexistente, minha idéia infantil e romântica de amor. Junto com toda a minha visão de esperança e bondade no mundo.
Tudo é sujo e nojento.
Assim como você.
Assim como eu.
Você me estragou para sempre.
Algo que sempre lhe serei grata.
Só se enxerga bem com a desesperança.
Agora que apodreci, posso me decompor com calma e tranquilidade, pra quem sabe, renascer.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pobre(s) de mim

Há duas de mim
Uma insiste que é feliz
A outra jura que quer morrer
Esta que é feliz, tem certeza do nosso amor
Diz que tu me ama e que a certeza do nosso fracasso, é invenção
Ela me perdoa por todos os erros e falhas estúpidas que já cometi
Me absolve de cada mentira que te contei, fingindo ser mais forte do que sou
Me dá colo e me conforta
A outra, já não me é tão benevolente
Me fala que o amor que tu sentes por mim, é ficção da minha cabeça
Me conta em pormenores os motivos que tens para não me amar
Me repete cada palavra fria que um dia já me dissestes
Me prova por A+B que nosso futuro é impossível
Não me perdoa os erros, tão pouco me deixa perdoar os teus
Bem baixinho as duas repetem em tom zombeteiro: Há duas de mim
Há várias de mim

domingo, 8 de julho de 2012

Adeus amigo.

É engraçado desistir de algo tão importante pra você e que o mundo nunca tomou conhecimento.
Eu desisti de você.
Meu coração aperta, mas nenhuma lágrima cai.
Você poderia ter sido tudo, mas escolheu ser nada.
O tempo vai passar e você terá sido isso para mim: nada.
Talvez a amizade fique, talvez não.
De amigos minha vida está cheia, mas um amor como o teu, nunca tive.
Talvez uma vez. Há muito tempo atrás.
Um amor que assim como o teu, acabou sendo um nada.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Então, você.

É fácil de me ler pelos meus relacionamentos: meus namoros sempre foram poucos e duradouros.
Apenas dois.
Engraçado pensar que nunca me apaixonei de cara por nenhum deles.
Custou tempo e dedicação pra conseguir transformar aquela relação em algo sólido e seguro: ignorando cada defeito e exaltando toda qualidade, com bastante paciência e atenção.
Minhas paixões por outro lado, sempre devastadoras.
E, diga-se de passagem, escolhidas a dedo.
Sempre a mais difícil, sofrida, improvável e impossível de acontecer.
A maioria é platônica, sem a menor previsão de um dia se materializar.
Paixões platônicas são ótimas, me dão o controle e a distância segura que eu tanto preciso.
Então, aparece você.
Com toda sua pinta de impossível, descompromissado, me deixando crer que nada jamais aconteceria.
Fui eu que te procurei.
Curiosa com esse teu jeito, tão parecido com o meu e tão diferente de mim.
Foi então que aconteceu.
De nada adiantou me convencer que você seria só mais uma paixão.
Funcionou enquanto estávamos longe e vários obstáculos nos distânciavam.
Por ironia do destino, nossa distância desapareceu.
Aqui estava eu, frente a frente com teus olhos.
Hipnotizada pelo teu sorriso.
Disse pra mim mesmo que seria só mais aquela noite.
Eu poderia separar as coisas, sou forte e controlo minhas emoções.
Mas te ter ali, como se fosse meu! Não teve jeito, meu coração derreteu.
Você é a única paixão que me faz querer quebrar meus padrões.
Contra todas as probabilidades, o que eu mais queria era abrir uma exceção.
Com o platônico eu sei lidar.
Com isso, não.
Você é real.
E pior que real : impossível.
E só é assim, porque, desde o início, me certifiquei para que o fosse.
Pela primeira vez, queria poder voltar atrás e fazer tudo como manda o figurino.
Ser sincera com meus sentimentos, sem joguinhos pra me sabotar.
Caí na minha própria armadilha.
Minha estratégia para não me machucar, foi a mesma que me arruinou.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Olhos de Bolita

Meus olhos andam tão apagados e pequenos desde que não olharam mais os teus
Nem parecem mais os mesmos
Estes, que uma vez já foram grandes e brilhantes, agora, são foscos e miúdos
Uma parte de você, sempre refletiu em mim
Sem você aqui pra me iluminar, nem eu consigo me ver
O espelho se espanta toda vez que apareço
Aposto que se pergunta "Por que não estás inteira?"
Se eu pudesse, responderia:
-Sem que eu sentisse, meus pedaços foram sendo levados de mim, meu amigo
O vazio se esconde atrás de cada alegria
O buraco que tenho em mim, apenas mostra o tanto que transbordei
Meus olhos sem vida no espelho, são a lâmpada que queimou de tanto brilhar

quarta-feira, 7 de março de 2012

Dor

A dor que eu sinto é algo tão íntimo, tão meu.
Podem tirar minhas alegrias, mas a tristeza sempre estará comigo.
Eu posso esmigalhar meu coração, pisar em cima, cuspir e colocar de volta, sem que alguém ao meu redor perceba.
Minha felicidade é compartilhada, mas meu sofrimento é sozinho;
Esse, não divido.
Minha dor é minha.
Ninguém vê e ninguém sente.
É uma plantinha que nasceu comigo, como uma erva daninha, que foi ganhando meu afeto e que cultivo com muito apreço.
Se vê que é antiga pelas raízes que formou em mim.
E de vez em quando, me dá frutos.
Porém, é preciso aparar com cuidado seus galhos, para que não transborde de mim.
É minha.
E de mais ninguém.