Fragmentos, contos, poemas, pensamentos e desabafos.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O Fantasma

Eu sou o fantasma em tua vida
Em pensamento, caminho pelos cômodos da casa tão bem decorada com amor e carinho
Vago por cada lembrança e memória
Pela mancha de vinho no tapete, daquele dia de amor ardente no chão
Pelo souvenir da última viagem de férias
Pela fotografia sorridente em família
O fantasma que ronda cuidadosamente pé por pé
Exalando no ar, essa áurea sutil
É preciso o esforço de querer ver, para notar
Estou ali
Em cada desconfiança infundada
Habito toda insegurança sem sentido
Sou tua pulga atrás da orelha e a voz suave sussurrante no vento
Mas, espere!
Como posso ser eu o fantasma, quando sempre estive aqui?
Eu sou real, eu sempre existi
É tu!
O fantasma que ronda minha vida pelas beiradas
É tu!
Que vive somente em minha mente
O fantasma que ninguém sabe e ninguém viu
Fantasma que quando eu menos espero, já sumiu!

domingo, 16 de junho de 2013

Caos

Constatei hoje, algo que venho negando desde que me entendo por gente.
Eu gosto do caos.
Não importa se as coisas estão exatamente onde eu gostaria que estivessem,
Tenho a necessidade de desconstruir tudo o que lutei para construir.
Eu procuro um jeito de sair da tranquilidade aparente.
Preciso de confusão tanto quanto preciso respirar.
Meu sangue ferve. Me sinto infeliz. Preciso gritar. Preciso fugir.
Eterna insatisfação de viver.
Eterno tédio de respirar.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ônibus lotado


Calor infernal, ônibus lotado, pessoas exalando mau humor
Não aguento mais o calor, não consigo mais continuar, acho que vou desmaiar
A porta abre na próxima parada
Um vento fresco entra, junto com um lampejo breve de felicidade
A porta se fecha, batendo forte e me trazendo de volta ao inferno
Então eu penso: A vida é isso

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Podre.

Você matou o que ainda restava de inocente em mim.
Agora tudo é sujo, podre e promíscuo.
Eu sou podre, suja e promíscua.   
Arrancou da minha alma inexistente, minha idéia infantil e romântica de amor. Junto com toda a minha visão de esperança e bondade no mundo.
Tudo é sujo e nojento.
Assim como você.
Assim como eu.
Você me estragou para sempre.
Algo que sempre lhe serei grata.
Só se enxerga bem com a desesperança.
Agora que apodreci, posso me decompor com calma e tranquilidade, pra quem sabe, renascer.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pobre(s) de mim

Há duas de mim
Uma insiste que é feliz
A outra jura que quer morrer
Esta que é feliz, tem certeza do nosso amor
Diz que tu me ama e que a certeza do nosso fracasso, é invenção
Ela me perdoa por todos os erros e falhas estúpidas que já cometi
Me absolve de cada mentira que te contei, fingindo ser mais forte do que sou
Me dá colo e me conforta
A outra, já não me é tão benevolente
Me fala que o amor que tu sentes por mim, é ficção da minha cabeça
Me conta em pormenores os motivos que tens para não me amar
Me repete cada palavra fria que um dia já me dissestes
Me prova por A+B que nosso futuro é impossível
Não me perdoa os erros, tão pouco me deixa perdoar os teus
Bem baixinho as duas repetem em tom zombeteiro: Há duas de mim
Há várias de mim

domingo, 8 de julho de 2012

Adeus amigo.

É engraçado desistir de algo tão importante pra você e que o mundo nunca tomou conhecimento.
Eu desisti de você.
Meu coração aperta, mas nenhuma lágrima cai.
Você poderia ter sido tudo, mas escolheu ser nada.
O tempo vai passar e você terá sido isso para mim: nada.
Talvez a amizade fique, talvez não.
De amigos minha vida está cheia, mas um amor como o teu, nunca tive.
Talvez uma vez. Há muito tempo atrás.
Um amor que assim como o teu, acabou sendo um nada.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Então, você.

É fácil de me ler pelos meus relacionamentos: meus namoros sempre foram poucos e duradouros.
Apenas dois.
Engraçado pensar que nunca me apaixonei de cara por nenhum deles.
Custou tempo e dedicação pra conseguir transformar aquela relação em algo sólido e seguro: ignorando cada defeito e exaltando toda qualidade, com bastante paciência e atenção.
Minhas paixões por outro lado, sempre devastadoras.
E, diga-se de passagem, escolhidas a dedo.
Sempre a mais difícil, sofrida, improvável e impossível de acontecer.
A maioria é platônica, sem a menor previsão de um dia se materializar.
Paixões platônicas são ótimas, me dão o controle e a distância segura que eu tanto preciso.
Então, aparece você.
Com toda sua pinta de impossível, descompromissado, me deixando crer que nada jamais aconteceria.
Fui eu que te procurei.
Curiosa com esse teu jeito, tão parecido com o meu e tão diferente de mim.
Foi então que aconteceu.
De nada adiantou me convencer que você seria só mais uma paixão.
Funcionou enquanto estávamos longe e vários obstáculos nos distânciavam.
Por ironia do destino, nossa distância desapareceu.
Aqui estava eu, frente a frente com teus olhos.
Hipnotizada pelo teu sorriso.
Disse pra mim mesmo que seria só mais aquela noite.
Eu poderia separar as coisas, sou forte e controlo minhas emoções.
Mas te ter ali, como se fosse meu! Não teve jeito, meu coração derreteu.
Você é a única paixão que me faz querer quebrar meus padrões.
Contra todas as probabilidades, o que eu mais queria era abrir uma exceção.
Com o platônico eu sei lidar.
Com isso, não.
Você é real.
E pior que real : impossível.
E só é assim, porque, desde o início, me certifiquei para que o fosse.
Pela primeira vez, queria poder voltar atrás e fazer tudo como manda o figurino.
Ser sincera com meus sentimentos, sem joguinhos pra me sabotar.
Caí na minha própria armadilha.
Minha estratégia para não me machucar, foi a mesma que me arruinou.